segunda-feira, abril 24, 2006

Gaivotas em Terra

Os Fundos
[Conversa de gaivotas em terra]

G1: Eh pá, daqui de cima, tu consegues ver o fundo?
G2: Qual fundo? Dizem que o mar não tem fundo!
G1: Qual quê? Isso eram parvoíces, inventadas pelos antigos argonautas Portugueses, para meter medo à concorrência de "nuestros hermanos" do reino de Castela.
G2: Queres dizer, isso são águas passadas. Mas olha que agora estes mangas do Governo, andam aí com umas ideias novas, em relação aos Fundos...
G1: Quê?! Calhando vão investir na Bolsa, aplicar as nossas poupanças em Fundos de Investimento?
G2: Era bom, era. Até podiam ganhar algum para melhorar um bocadinho as coisas por cá. Mas não. Eles vão aplicar os Fundos na compra de Submarinos.
G1: Ahh!!! Bem visto, gastar os Fundos a descobrir os Fundos. Ficamos sem Fundos na Tesouraria, mas ganhamos os Fundos do mar.
G2: Pois, pois, um dia isto vai mas é tudo ao Fundo; eles não descansam enquanto não virem o Fundo ao Saco.
G1: Por isso ontem o Miguel Cadilhe, estava zangado. Dizia o gajo - "O balúrdio que vão gastar em Submarinos (Submarinos!!! Para que servem os Submarinos?) dava para fazer uma Reforma de Fundo na Justiça".
G2: Pois, é, filhos da p... ou como diz o velhe adágio Algarvie - "Quem tem filhes tem Cadilhes".

sexta-feira, março 17, 2006

fundamenta lista


O cerco
Já faltou mais para que um dia destes tenha de passar à clandestinidade ou, no mínimo, tenha de me enfiar em casa a viver os meus vícios secretos.
Tenho um catálogo deles e todos me parecem ameaçados:
sou heterossexual «full time»; fumo, incluindo charutos; bebo; como coisas como pezinhos de coentrada, joaquinzinhos fritos e tordos em vinha d'alhos; vibro com o futebol; jogo cartas, quando arranjo três parceiros para o «bridge» ou quando, de dois em dois anos, passo à porta de um casino e me apetece jogar «black-jack»; não troco por quase nada uma caçada às perdizes entre amigos; acho a tourada um espectáculo deslumbrante, embora não perceba nada do assunto; gosto de ir à pesca «ao corrido» e daquela luta de morte com o peixe, em que ele não quer vir para bordo e eu não quero que ele se solte do anzol; acredito que as pessoas valem pelo seu mérito próprio e que quem tem valor acaba fatalmente por se impor, e por isso sou contra as quotas; deixei de acreditar que o Estado deva gastar os recursos dos contribuintes a tentar «reintegrar» as «minorias» instaladas na assistência pública, como os ciganos, os drogados, os artistas de várias especialidades ou os desempregados profissionais; sou agnóstico (ou ateu, conforme preferirem) e cada vez mais militantemente, à medida que vou constatando a actualidade crescente da velha sentença de Marx de que «a religião é o ópio dos povos»; formado em direito, tornei-me descrente da lei e da justiça, das suas minudências e espertezas e da sua falta de objectividade social, e hoje acredito apenas em três fontes legítimas de lei:
a natureza, a liberdade e o bom senso.
Trogloditas como eu vivem cada vez mais a coberto da sua trincheira, numa batalha de retaguarda contra um exército heterogéneo de moralistas diversos:
os profetas do politicamente correcto, os fanáticos religiosos de todos os credos e confissões, os fascistas da saúde, os vigilantes dos bons costumes ou os arautos das ditaduras «alternativas» ou «fracturantes». Se eu digo que nada tenho contra os casamentos homossexuais, mas que, quanto à adopção, sou contra porque ninguém tem o direito de presumir a vontade «alternativa» de uma criança, chamam-me homofóbico (e o Parlamento Europeu acaba de votar uma resolução contra esse flagelo, que, como está à vista, varre a Europa inteira); se a uma senhora que anteontem se indignava no «Público» porque detectou um sorriso condescendente do dr. Souto Moura perante a intervenção de uma deputada, na inquirição sobre escutas na Assembleia da República, eu disser que também escutei a intervenção da deputada com um sorriso condescendente, não por ela ser mulher mas por ser notoriamente incompetente para a função, ela responder-me-ia de certeza que eu sou «machista» e jamais aceitaria que lhe invertesse a tese:
que o problema não é aquela deputada ser mulher, o problema é aquela mulher ser deputada; se eu tentar explicar por que razão a caça civilizada é um acto natural, chamam-me assassino dos pobres animaizinhos, sem sequer quererem perceber que os animaizinhos só existem porque há quem os crie, quem os cace e quem os coma; se eu chego a Lisboa, como me aconteceu há dias, e, a vinte quilómetros de distância num céu límpido, vejo uma impressionante nuvem de poluição sobre a cidade, vão-me dizer que o que incomoda verdadeiramente é o fumo do meu cigarro, e até já em Espanha e Itália, os meus países mais queridos, tenho de fumar envergonhadamente à porta dos bares e restaurantes, como um cão tinhoso;
enfim, se eu escrever velho em vez de «idoso», drogado em vez de «toxicodependente», cego em vez de «invisual», preso em vez de «recluso» ou impotente em vez de «portador de disfunção eréctil», vou ser adoptado nas escolas do país como exemplo do vocabulário que não se deve usar.
Vou confessar tudo, vou abrir o peito às balas:
estou a ficar farto desta gente, deste cerco de vigilantes da opinião e da moral, deste exército de eunucos intelectuais.
Agora vêm-nos com esta história dos «cartoons» sobre Maomé saídos num jornal dinamarquês. Ao princípio a coisa não teve qualquer importância:
um «fait-divers» na vida da liberdade de imprensa num país democrático. Mas assim que o incidente foi crescendo e que os grandes exportadores de petróleo, com a Arábia Saudita à cabeça, começaram a exigir desculpas de Estado e a ameaçar com represálias ao comércio e às relações económicas e diplomáticas, as opiniões públicas assustaram-se, os governantes europeus meteram a viola da lliberdade de imprensa ao saco e a srª comissária europeia para os Direitos Humanos (!) anunciou um inquérito para apurar eventuais sintomas de «racismo» ou de «intolerância religiosa» nos «cartoons» profanos. Eis aonde se chega na estrada do politicamente correcto:
a intolerância religiosa não é de quem quer proibir os «cartoons», mas de quem os publica!
A Dinamarca não tem petróleo, mas é um dos países mais civilizados do mundo:
tem um verdadeiro Estado Social, uma sociedade aberta que pratica a igualdade de direitos a todos os níveis, respeita todas as crenças, protege todas as minorias, defende o cidadão contra os abusos do Estado e a liberdade contra os poderosos, socorre os doentes e os velhos, ajuda os desfavorecidos, acolhe os exilados, repudia as mordomias do poder, cobra impostos a todos os ricos, sem excepção, e distribui pelos pobres.
A Arábia Saudita tem petróleo e pouco mais:
é um país onde as mulheres estão excluídas dos direitos, onde a lei e o Estado se confundem com a religião, onde uma oligarquia corrupta e ostentatória divide entre si o grosso das receitas do petróleo, onde uma polícia de costumes varre as ruas em busca de sinais de «imoralidade» privada, onde os condenados são enforcados em praça pública, os ladrões decepados e as «adúlteras» apedrejadas em nome de um código moral escrito há quase seiscentos anos. E a Dinamarca tem de pedir desculpas à Arábia Saudita por ser como é e por acreditar nos valores em que acredita?
Eu não teria escrito nem publicado «cartoons» a troçar com Maomé ou com a Nossa Senhora de Fátima. Porque respeito as crenças e a sensibilidade religiosa dos outros, por mais absurdas que elas me possam parecer. Mas no meu código de valores - que é o da liberdade - não proíbo que outros o façam, porque a falta de gosto ou de sensibilidade também têm a liberdade de existir. E depois as pessoas escolhem o que adoptar. É essa a grande diferença:
seguramente que vai haver quem pegue neste meu texto e o deite ao lixo, indignado. É o seu direito. Mas censurá-lo previamente, como alguns seguramente gostariam, isso não. É por isso que eu, que todavia sou um apaixonado pelo mundo árabe e islâmico, quanto toca ao essencial, sou europeu - graças a Deus.
Pelo menos, enquanto nos deixarem ser e tivermos orgulho e vontade em continuar a ser a sociedade da liberdade e da tolerância.

(Miguel Sousa Tavares no "Expresso" de 4 de Fevereiro de 2006)

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Grupo SONAE-PT

CÓDIGO DO TRABALHO - ACORDO COLECTIVO DA PT-SONAE

INDUMENTÁRIA

Informamos que o funcionário deverá trabalhar vestido de acordo com o seu Salário, e seguindo as tendências da moda “à la PT-SONAE”.

a) Se o empregado usar uns ténis Adidas de 100€ ou uma bolsa Gucci de 150€, presume-se que está muito bem de finanças e portanto, não precisa de aumento.

b) Se ele se vestir de forma pobre, será um sinal de que precisa aprender a controlar melhor o seu dinheiro para que possa comprar roupas melhores e portanto, não precisa de aumento. Em alternativa poderá sempre ditrigir-se a uma das grandes superfícies do Grupo PT-SONAE – MODELO Bonjour & CONTINENTE – e aproveitar as sobras, após reposição nos escaparates e expositores.

c) Se ele se vestir no meio-termo, estará perfeito e portanto, não precisa de aumento. E muito menos de andar a passear nas grandes superfícies, pois dá mau exemplo aos restantes colegas!

AUSÊNCIA POR DOENÇA

Não vamos mais aceitar uma declaração do médico como prova de doença. Se o funcionário PT-SONAE tem condições para ir até ao consultório médico também tem condições para vir trabalhar.

NOTA: As cirurgias são proibidas.
Enquanto o funcionário PT-SONAE trabalhar neste Grupo, precisará de todos os seus órgãos, portanto, não deve pensar em tirar nada. Nós contratámo-lo inteiro. Remover algo constitui quebra de contrato.

AUSÊNCIAS DEVIDO A MOTIVOS PESSOAIS

Cada funcionário PT-SONAE receberá 104 dias para tratar de assuntos pessoais, em cada ano. Chamam-se Sábados e Domingos.

FÉRIAS

Todos os funcionários PT-SONAE têm direito a gozar ainda mais 12 dias de férias, nos seguintes dias de cada ano:

1 de Janeiro, Dia de Páscoa, 25 de Abril
1 de Maio, 10 de Junho, 15 de Agosto
5 de Outubro, 1 de Novembro, 1, 8 e 25 de Dezembro.

AUSÊNCIA POR FALECIMENTO DE ENTE QUERIDO

Esta não é uma justificação para perder um dia de trabalho. Não há nada que se possa fazer pelos amigos, parentes ou colegas de trabalho falecidos. Todo o esforço deverá ser empenhado para que os não-funcionários do Grupo PT-SONAE cuidem dos detalhes.

Nos casos raros, onde o envolvimento do funcionário PT-SONAE é necessário, o enterro deverá ser marcado para o final da tarde, após o expediente. No entanto, teremos prazer em autorizar que o funcionário PT-SONAE trabalhe durante o horário do almoço e, permitir que se ausente uma hora antes do términus do expediente, para assistir às exéquias.

No caso de ter que voltar ao seu local de trabalho para terminar qualquer tarefa inadiável, o funcionário PT-SONAE deverá deixar à porta qualquer manifestação mais emotiva.

AUSÊNCIA DEVIDO À SUA PRÓPRIA MORTE

Isto será aceite como desculpa.
Entretanto, exigimos pelo menos 15 dias de aviso prévio, visto que cabe ao funcionário PT-SONAE treinar o seu substituto.

O USO DO WC

Os funcionários PT-SONAE não podem passar tempo demais na casa de banho.

Assim, e na sequência da reestruturação do Grupo PT-SONAE, dado o evidente aumento de recursos humanos, somos obrigados a optar por um sistema de ordem alfabética, ou seja, todos os funcionários cujos nomes começam com a letra 'A' irão ao WC entre as 9:00 e 9:20; letra 'B' entre 9:20 e 9:40, etc. Se não puder ir na hora designada, será preciso esperar a sua vez, na próxima volta, isto é, após a letra Z!

Em caso de emergência, os funcionários PT-SONAE poderão trocar o seu horário com um colega. Ambos os chefes dos funcionários deverão aprovar essa troca, por escrito.

Adicionalmente, e devido à fase que o Grupo PT-SONAE atravessa, (nomeadamente para os novatos da PT, deslumbrados com as regras da casa) há um limite estritamente máximo de 3 minutos na sanita. Acabando esses 3 minutos, um alarme tocará, o rolo de papel higiénico será recolhido, a porta da sanita abrir-se-á e uma foto será tirada. Se for repetente, a foto será afixada no quadro de avisos e Intranet do Serviço com o título Infractor Crónico.

A HORA DO ALMOÇO

a) Os magros têm 30 minutos para o almoço, porque precisam comer mais para parecerem saudáveis.

b) As pessoas de tamanho normal têm 15 minutos para comer uma refeição balanceada que sustente o seu corpo mediano.

c) Os gordos têm 5 minutos, porque é tudo o que precisam para tomar uma salada e um moderador de apetite.

Muito obrigado pela sua fidelidade ao Grupo PT-SONAE. Estamos aqui para proporcionar uma experiência laboral positiva. Portanto, todas as dúvidas, comentários, preocupações, reclamações, frustrações, irritações, desagravos, insinuações, alegações, acusações, observações, consternações e quaisquer outras matérias semelhantes, deverão ser objecto de conversa apenas e só nos vossos lares, junto da respectiva família, para animar o vosso final de dia!!!

Bem vindo ao novo Grupo PT-SONAE.
A Administração.

domingo, fevereiro 19, 2006

Bons Exemplos


Muito bem!

Assim mesmo é que é. O Estado a dar o exemplo, contratando os licenciados das nossas Universidades, pagando-lhes ordenados decentes para fazer trabalho adequado à sua formação.

No entanto, na minha mente mesquinha, subsiste uma dúvida:

- "será relevante neste caso o facto de a Licenciada nomeada ser Filha do próprio Sr. Ministro da Justiça???"

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Com receio


Eu queria dizer mal.

Este "Blog" era para isso, mas a verdade é que estou a ficar um bocado apreensivo, receoso até, porque pelas notícias que têm vindo a lume ultimamente, não me parece lá muito seguro, dizer mal de alguma coisa nos tempos que correm..?

A gente ouve dizer que andam aí, de um lado para o outro, os aviões da CIA, disfarçados de aviões particulares, a transportar candidatos a terroristas, raptados das suas terras, para serem interrogados não se sabe aonde, só porque alguém desconfiou que os gajos simpatizavam com terroristas porque disseram mal do Bush, do Blair ou do Durão..!

Chiça... isto está quase como no tempo da outra senhora.

Quase pronto


- ainda não estou pronto, em condições de "postar" aqui
- as coisas prometidas, ou propostas, a condizer com a descrição
- está complicada a situação aqui pelo meu lado
- vamos ver se as coisas melhoram um bocadinho só!!?

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

SACANAS



  • O calor do Verão é tanto que assa canas ao sol, neste jardim à beira mar plantado e fica tudo torrado.
  • O descaramento é tanto que há sacanas ao sol, neste jardim à beira mar plantado eles estão em todo o lado.
  • Há sempre alguém que pensa: "ah sacanas! ao sol, neste jardim à beira mar plantado vão ficar doentes!"
  • Mas podemos comer mexilhão "à Sá Canas", ao sol, neste jardim à beira mar plantado ainda pouco poluído.

Trocadilhos, pecadilhos e sacanices diversas, neste jardim à beira mar plantado - ou terá sido semeado? não interessa - eis as premissas para este mal empregado blog.